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Casais LGBT+ recorrem à fertilização in vitro para gerar filhos

    Especialistas em reprodução humana explicam como casais homoafetivos podem vivenciar a experiência de ter um bebê biológico a partir da reprodução assistida que desejam realizar o sonho de aumentar a família e ter filhos. Contudo, com os avanços da medicina, muitos casais também buscam outras opções que possibilitem, inclusive, a gestação de filhos biológicos, o que no caso de relações LGBTQIAP+ já é possível, a partir de técnicas de reprodução humana assistida.

    “O primeiro passo é encontrar uma clínica de fertilidade. A reprodução assistida por casais homoafetivos masculinos e femininos é legal no Brasil e eticamente aprovada por meio de uma Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), destaca Orestes Prudencio, especialista em reprodução humana, membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Fértil Reprodução Humana em Montes Claros, MG.

    Sobre a resolução do CFM, o médico ginecologista explica que desde 2013 o Conselho permite o uso das técnicas de reprodução assistida para pessoas solteiras e casais de relacionamentos homoafetivos.

    “Desde então, as estruturas familiares começaram a ser constituídas de diferentes maneiras. As regras éticas determinadas são semelhantes às dos casais heterossexuais com adaptações específicas que devem ser seguidas”, conta.

    Dr. Prudencio complementa informação que o tratamento “envolve muitas nuances”, e que a história dos pacientes é muito importante e fundamental para que eles se sintam acolhidos durante todo o processo.

    “Cada vez mais, os casais homoafetivos têm procurado clínicas de reprodução assistida, devido ao sonho de construir uma família com o material genético de um dos parceiros. O amor definitivamente não é restrito a qualquer orientação sexual, todas as formas de amar são valiosas e merecem ser respeitadas”, acrescenta o médico.

    O especialista em reprodução humana, explica que para para casais homoafetivos femininos, existem duas formas de reprodução assistida. Uma delas é a inseminação intrauterina.

    “Este é um procedimento considerado de baixa complexidade, indicado para as pacientes mais jovens e com o exame das tubas uterinas normal. Na inseminação, a paciente é submetida à indução da ovulação com medicações de baixa dosagem e, na sequência, o sêmen doado é inserido dentro do útero após o preparo do mesmo com um cateter de inseminação. As taxas de sucesso da inseminação não são tão elevadas como na fertilização in vitro (FIV), no entanto, pode ser uma boa alternativa quando bem indicada.” explica a especialista.

    Segundo a médica, neste procedimento, as duas mulheres não participam de forma ativa do processo, uma vez que somente uma delas irá receber o sêmen na cavidade uterina e, posteriormente, gestar.

    Já a segunda opção é a fertilização in vitro (FIV), procedimento de alta complexidade, que consiste na retirada do óvulo de uma das mulheres após indução da ovulação com medicamentos injetáveis por meio de um procedimento cirúrgico minimamente invasivo: a coleta de óvulos.

    Após este primeiro procedimento, o óvulo é fertilizado com um espermatozoide doado e o embrião gerado é transferido para o útero.

    “Neste processo, ambas podem participar ativamente, podendo-se fertilizar os óvulos de uma parceira e transferir o embrião para o útero da outra paciente. Mas, em todos os casos, a idade do óvulo, condições clínicas e riscos obstétricos devem ser considerados e discutidos com o casal para que o tratamento seja o mais seguro possível”, adverte o médico.